Ele estava inquieto desde a manhã anterior, quando
recebeu a mensagem dizendo que precisavam conversar. Ana já tinha explicado
mais de uma vez que seria necessário e que não tinha como prever o que tempo
que levaria. Rafael não queria entender. Talvez não quisesse aceitar. Em todo
caso, ele sempre preferia a verdade de uma vez. Sua mãe sempre dizia que a verda de amarga é melhor que uma doce mentira. Será?
A vida no ambiente virtual muitas vezes parece bem mais interessante e feliz que a vida real. A tentação de substituir o real pelo virtual se apresenta como uma aparente solução para os problemas, porém, a realização presente na virtualidade é frágil e ilusória como a solidez de um castelo de areia.
O filme norte-americano Vanilla Sky (2001), com roteiro e direção de Cameron Crowe, é uma refilmagem do espanhol Abre los ojos (1997).
Vanilla Sky propõe algumas questões e problemáticas que se apresentam cada vez mais relevantes e pertinentes diante da nossa imersão no ambiente digital, como uma desvinculação entre a vida real e a virtual, bem como o problema da corporalidade nas dinâmicas relacionais que se estabelecem na era da cultura digital.
No filme, David é um jovem, bonito e herdeiro de um grande império editorial, que mantém um relacionamento casual e descompromissado com Julie. Certa noite, conhece o amor de sua vida, Sofia. Sua vida se vê completamente desestruturada quando Julie, sentindo-se usada, provoca um acidente que ocasiona sua morte e gera graves sequelas para David.
O protagonista, não conseguindo lidar com a realidade e se recompor, contrata uma empresa que trabalha com criogenia e propõe uma vida em suspensão, um sonho que se apresenta como realidade, e passa a viver sua vida dentro desse sonho, até que "falhas no sistema" fazem com que ele se depare com a realidade em que estava inserido.